Sem cair na superficialidade, sempre fui uma pessoa muito cuidada com a minha imagem. Era raro eu sair de casa sem maquilhagem, sem dar um jeito ao cabelo ou sem ter previamente analisado durante longos minutos o que iria levar vestido. Até que, um belo dia, me fartei daquilo. Depois de uma grande viravolta na minha vida, deu-me vontade de cortar o cabelo, até porque precisava de virar a página.
Fui ao meu cabeleireiro com vontade de fazer algo diferente, algo que fizesse sobressair a minha verdadeira pessoa: a minha alma de rebelde, o meu fraco pela música punk e a minha visão da vida. Eu que nunca fui muito de arriscar, admito que sempre admirei as raparigas que cortavam os cabelos bem curtinhos, conseguindo conservar toda a sua feminilidade no seu look. Foi aí que tomei a derradeira decisão: queria ter
os cabelos curtos e uma crista ao meio. Pode até parecer uma loucura, mas eu achava aquilo arrojado, feminino e sexy.
Depois de passar anos a esconder-me, adotei finalmente a tal crista, que me dá gozo pintar
com colorações temporárias, de tempos a tempos. É verdade que, às vezes, ficam a olhar para mim como se eu viesse de outro planeta. Mas, no que me diz respeito, agrada-me a ideia de ser diferente do comum dos mortais! Talvez um dia me sature, mas, hoje, adoro exibir o meu penteado, que até pode parecer masculino, compensando com maquilhagem e um estilo indumentário tendencialmente feminino. De alguma forma – a verdade seja dita – sinto-me um pouco um OVNI neste ambiente!
© Pixelformula / Desfile Fendi pronto-a-vestir, outono-inverno 2013-2014 © Jean Louis David